terça-feira, 9 de março de 2010

Relações Públicas: o desafio de construir e disseminar


Embora seja um tema muito tratado nas publicações especializadas, gosto muito de falar sobre a importância do profissional e da área de Relações Públicas. Não apenas para a empresa, para a preservação e reforço da imagem institucional, mas como uma atuação fundamental para qualquer área de comunicação. Por isso mesmo, defendo que considerar profissionais com formações distintas – jornalismo, marketing, RPs etc – ao meu ver, é o que faz uma área de Comunicação plural, forte e influente, com múltiplas visões e com muito mais potencial para inovar.

Por isso, apresento aqui, em mais uma das nossas entrevistas do Questão de Comunicação, a visão da profissional Carla Vicentini, atualmente da área de Comunicação Interna do banco ibi, adquirido em 2009 pelo Bradesco. Formada em Relações Públicas pela Cásper Líbero, ela nos conta sobre sua experiência profissional e suas aspirações.

Tive a oportunidade única de conviver com a Carla profissionalmente e hoje, além de uma profissional que admiro, é uma amiga. Por isso, agradeço pela gentileza em ceder essa superentrevista para o blog. Confira!

Por que escolheu a área de Relações Públicas?
Seguindo os comentários de amigos e professores, busquei orientações sobre profissões na área de Comunicação (os comentários eram: "você é tão comunicativa!" ou então "você é tão extrovertida, porque não faz artes cênicas?"). A princípio, optei pelo Jornalismo. Porém, ainda não estava à vontade com a escolha, porque gosto muito e tenho facilidade para escrever, contudo escrever para mim é só quando tenho vontade. Além disso, preciso de inspiração, o que pode demorar algumas horas para "aparecer". Então, finalmente, uma amiga que havia entrado no curso de Relações Públicas da Cásper Líbero, me convidou para assistir uma aula e foi aí que vislumbrei a solução de meus problemas: as Relações Públicas me permitiriam a comunicação face a face, a comunicação com o funcionário (que adoro!), e o relacionamento com a liderança. A presença do outro no meu dia a dia é muito importante, pois gosto de observar o andamento dos resultados das ações de comunicação, de acompanhar o processo do receptor da mensagem.

Quais as mudanças mais fortes que você tem observado na área?
Tenho uma visão otimista do mercado; observo a integração cada vez mais forte nas empresas e nas agências dos diferentes setores da Comunicação: RP, Jornalismo e Publicidade-Marketing. Isso faz com que nosso setor (somos peixes diferentes, mas todos da mesma água!) se fortaleça perante o mercado e conquiste cada vez mais seu espaço, valorizando a profissão e reforçando que a Comunicação é dos comunicólogos! Contudo, muitas empresas entram na onde dessa integração querendo em um único profissional as três profissões, fazendo com que a tal essência se perca.

Como você vê a integração entre RP e Jornalismo, especialmente no âmbito empresarial?
A integração das profissões só traz conquistas para o setor. Mas é preciso que nós mesmos, seja qual for a especialidade no setor da Comunicação, deixemos de lado o egoísmo de que "é tudo nosso". Isso pode ser uma herança que trouxemos de quando a Comunicação ainda engatinhava dentro das empresas e víamos engenheiros, economistas e psicólogos querendo comunicar com números e treinamentos, com uma linguagem técnica e pouco "comunicativa". Hoje, temos muito de nosso espaço conquistado e valorizado. Se somos todos da "mesma água", porque não compartilhar e trocar experiências? A Comunicação é um setor como qualquer outro. Você já viu no Financeiro apenas economistas, ou em TI apenas tecnólogos?

As empresas têm dado mais importância à comunicação?
Sou otimista, mas minha mãe me ensinou a pisar no chão! (risos)
A área tem conquistado seu espaço nas empresas, contudo, ainda há outras etapas a vencermos. Hoje, por exemplo, justificamos os investimentos em comunicação, mas, infelizmente, ainda vemos no mercado situações em que os funcionários não estão alinhados com as ações de marketing. Isso afeta o orgulho de pertencer que, por sua vez, afeta a produção que, por sua vez, afeta as vendas. Daí, como justificar as ações de marketing? Aqui, vemos uma falha em um processo básico da comunicação, que é o endomarketing/ comunicação interna, que implica todo o ciclo da comunicação. Isso pode acontecer quando a comunicação não tem seu devido valor ou importância na empresa ou quando uma área - no caso, o marketing, se sobrepõe ao todo – no caso, a comunicação interna. Assim, mais uma vez reforçamos a importância da integração das áreas da Comunicação.

Como você imagina a atividade do relações públicas em médio prazo (daqui 5, 10 anos) no Brasil?
Acredito que o mercado e os profissionais continuarão conquistando progressivamente mais espaço nas empresas e na importância para o negócio. Também não podemos deixar de lado a questão acadêmica. Felizmente, encontramos excelentes professores na academia e isso contribui imensamente para a qualidade de profissionais.

Qual seu maior sonho como RP?
É um sonho ainda em construção, mas que está ganhando forma: minha agência de comunicação com foco no setor de cultura e entretenimento. A ideia começou com o projeto de conclusão de curso para a faculdade, que desenvolvemos (o trabalho era em grupo) para o
Museu de Arte Moderna de São Paulo. A proposta da minha agência é trabalhar especialmente para empresas e instituições do setor, como museus, centros culturais etc., mas também para empresas dos diferentes segmentos, porém buscando sempre reforçar a questão cultural e artística. Observo grande oportunidade em despertar o interesse pela arte no Brasil. Temos aqui tanta coisa interessante, importante e bem feita, mas pouco valorizada pela sociedade. Acredito no potencial de nosso país como polo cultural, além do futebol e do samba.

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