Os desdobramentos do caso da menina de 9 anos grávida de gêmeos, cujo estupro e aborto têm gerado intensa discussão entre lei do Estado x lei Canônica, nos trazem um importante ponto para a discussão. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se manifestou e colocou mais lenha na fogueira ao divulgar que a mãe da menina e os médicos não devem ser excomungados com a polêmica em curso.
Demonstra uma atitude política e inteligente da CNBB, ao perceber que a opinião pública se inflamou diante da postura radical do arcebispo de Olinda e Recife, D. José Cardoso Sobrinho, e desautorizou a excomunhão, afirmando que deverá fazer uma reavaliação do caso.
Existe, nesse caso, um típico momento de crise de imagem. A Igreja Católica, cada vez mais questionada, se vê diante de uma situação em que encontra no direito canônico as respostas para o dilema da menina pernambucana, independentemente de qualquer juízo de valor. Por outro lado, como uma instituição cristã quer agregar fiéis e manter uma imagem socialmente respeitada se um de seus representantes adota postura tão retrógrada e radical, em um tempo de tantas mudanças e as pessoas buscando justamente a flexibilidade?
Ou seja, não dá para ser 8 ou 80. Por mais óbvio que isto pareça, a realidade hoje é muito mais complexa e a instituição buscará uma decisão politicamente correta, que "agrade" opinião pública, cristãos, seguidores e Vaticano - se isso realmente for possível, já que não dá para agradar gregos e troianos. A não ser que a Igreja Católica queira, definitivamente, se tornar a vilã da história.
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